Downton Abbey – A Quinta Temporada

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Nota: ★★★★

Na minha opinião, Downton Abbey é a melhor série de TV que já foi feita. A quinta temporada (e, infelizmente, penúltima) só confirma, atesta, demonstra isso.

Digo sempre aqui que minha opinião vale no máximo uns três guaranis furados. É uma frase mezzo brincalhona, mezzo séria, que pretende dizer que minha opinião não é melhor nem pior que qualquer outra. Sei que muita gente adora Downton Abbey, e portanto concorda comigo, mas naturalmente há apaixonados por diversas outras séries, e esses diriam que estou falando asneira.

Não importa.

Várias pessoas têm escrito que muito do que de melhor se faz hoje no cinema é feito para a televisão – e eu concordo plenamente. Eu, do meu cantinho, tenho dito e repetido já há alguns anos que o melhor cinema que se faz no mundo atualmente é feito naquelas pequeninas ilhas situadas à esquerda do continente europeu, onde nasceram – não por acaso – William Shakespeare, Charles Chaplin, Alfred Hitchcock, Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, Laurence Olivier, John Gielgud, para ficar apenas em alguns poucos exemplos de autores, diretores e atores de primeiríssimo time, que estão em alguns dos grandes filmes da História.

Se somarmos as duas coisas, não fica muito estranha minha afirmação de que Downton Abbey é a melhor série de TV que já foi feita.

Nesta temporada, a série se mostra anti-caretices de todos os tipos

Depois desse nariz de cera um tanto bobão e certamente babão, vamos ao que interessa: em sua quinta temporada – exibida na TV britânica entre setembro e o Natal de 2014 –, Julian Fellowes, o criador, roteirista e produtor executivo, conseguiu a proeza de criar nove episódios tão fascinantes, estupidamente bem realizados, em todos os quesitos, quanto os das quatro magníficas temporadas anteriores.

E, nesta quinta e penúltima série, realçou, estressou, amplificou o que pretende dizer, o recado que pretende dar, com essa história de uma família da nobreza inglesa e de seus empregados: esta é uma série que faz a defesa do avanço dos costumes, dos hábitos. Que condena, com veemência, o atraso, os preconceitos, as intolerâncias de todos os tipos.

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Downton Abbey, na quinta temporada, ataca com virulência os preconceitos sociais todos, o classismo tão entranhado na sociedade inglesa, o anti-semitismo, a homofobia, o machismo, e até mesmo a valorização do não se fazer sexo antes do casamento.

Downton Abbey se mostra, na quinta temporada mais ainda que nas quatro anteriores, anti-caretices de todos os tipos.

Reacionários babantes, anti-progressistas xiitas e fundamentalistas religiosos de todos os tipos e quadrantes poderão se sentir gravemente ofendidos por esta série magnífica. Seria melhor que eles a evitassem.

Ou, pensando um pouco mais, talvez não: eles deveriam ver os nove episódios da quinta temporada, um atrás do outro, em imersão. Talvez morressem afogados em seu próprio enxofre.

Aqui vão relatos que podem ser spoilers para quem ainda não viu a temporada

Vou relatar resumidamente (espero) alguns dos fatos que acontecem nesta quinta temporada. O relato poderá ser spoiler para algum eventual leitor que ainda não tiver visto as temporadas anteriores e nem esta aqui. Me sinto, assim, na obrigação de enfatizar: o que vai a seguir pode ser considerado spoiler!

* Estamos em 1924, o ano em que pela primeira vez tomou posse no cargo de primeiro-ministro, de hospedeiro do número 10 da Downing Street, um político do Partido Trabalhista. Robert, o conde (Hugh Bonneville) e Carson, o mordomo mais realista que qualquer rei (Jim Carter), ficam chocados, mas parte da criadagem fica bem feliz com o fato.

* Lady Mary (Michelle Dockery), viúva, já vinha sendo cortejada, desde a quarta temporada, por dois homens que se mostram sensíveis, boa gente – Tony Gillingham (Tom Cullen) e Charles Blake (Julian Ovenden).

Mary quer se casar de novo – mas não quer fazer uma escolha no escuro, uma escolha da qual possa se arrepender. Então propõe – num gesto absolutamente inédito em seu meio e sua época – que ela e Tony passem alguns dias juntos em um hotel, naturalmente incógnitos, em absoluto segredo. Tony fica absolutamente surpreso – mas o encontro se realiza, num hotel em Liverpool, em que ficam hospedados em quartos adjacentes.

* Thomas Barrow (Rob James-Collier), o criado mau-caráter, safado, filho da mãe, resolve fazer um tratamento com hormônios para “ser um homem como os outros”. Os espectadores já haviam visto, nas temporadas anteriores, que Barrow é homossexual, e o fato é que ser homossexual na Grã-Bretanha, o país da mais sólida e duradoura democracia do planeta, era, até muitíssimo pouco tempo atrás, considerado um crime grave, que dava cadeia. (A legislação que considerava a sodomia um crime só foi mudada em meados dos anos 60, quando Beatles e Rolling Stones já faziam sucesso no mundo inteiro.)

Pois bem. Downton Abbey quinta temporada faz defesa firme de que não se deve lutar contra o que se quer, contra o que a natureza sugere, indica.

É uma defesa firme, sim, de que os homossexuais assumam sua opção, não fujam dela. Na minha opinião, essa defesa poderia até ter sido mais enfática – mas o fato é que ela está lá, e qualquer tipo de exemplo contra a homofobia é sempre bem-vindo.

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Uma elogia aos casamentos que resistem a uma ameaça de infidelidade

* Há ainda uma maravilhosa ode aos casamentos que não se destroem diante de uma ameaça de infidelidade.

Lá pelas tantas, surge na história um tal Simon Bricker (uma participação especial de Richard E. Grant, na foto acima), um estudioso de arte com imenso interesse por um dos muitos quadros da coleção dos Crawley, que pode ser da autoria de um pintor importantíssimo. Esse sujeito passa a visitar Downton Abbey seguidas vezes, e Cora, a condessa (o papel da maravilhosa Elizabeth McGovern), comete o erro de dar alguma bola para ele.

Simon Bricker a corteja, a elogia, a mima – e nenhuma mulher, nenhum ser humano está vacinado contra corte, elogios, mimos.

E então o sujeito lá pelas tantas invade o quarto da condessa, numa noite em que o conde está fora – mas ele volta mais cedo, e flagra os dois no quarto, embora estejam de pé e vestidos e ela garanta que o sujeito invadiu o quarto sem ter sido convidado.

O conde ficará furioso por um bom tempo – até perceber que está sendo imbecil por duvidar daquela mulher maravilhosa que o ama.

Euzinho, pessoalmente, que já tive três casamentos, cada um de um jeito muito diferente dos demais, cada vez gosto mais da idéia de que uma traiçãozinha, um pular de cerca, não deveria jamais ser maior do que o amor – e então achei magnífica a solução que Julian Fellowes dá para esse episódio que, afinal de contas, sequer incluiu de fato uma infidelidade, assim, essa de cama – foi só um inocentérrimo namorico.

Uma criança nascida fora de casamento, um dos temas da temporada

* Há a questão de Marigold, a filha que Lady Edith (Laura Carmichael, na foto abaixo), a segunda das três filhas do conde, teve, escondida na Suíça, de sua relação com o jornalista Michael Gregson (Charles Edwards). Michael acabou morto por um grupo de radicais que surgia em Munique naquele início dos anos 1920, um grupelho ainda pequeno e pouco conhecido, uns tais de nazistas.

Marigold, portanto, é filha de um casal não casado – uma bastarda.

Marigold é o tema de muitas sequências desta quinta temporada – mas, ao fim e ao cabo de muitas idas e vindas, será admitida como membro da família Crawley. Mais um dogma do passado que é deixado onde ele deveria ficar – no passado.

(E aqui faço pequeno parênteses: interessante que a filha de Edith se chame Marigold, porque o nome remete ao The Best Exotic Marigold Hotel, o filme delicioso de 2011 que teve sequência em 2015, e tem, entre os atores, a maravilhosérrima Maggie Smith, que faz em Downton Abbey a condessa viúva, mãe de Robert Crawley, e mais Penelope Wilton, que aqui faz Isobel Crawley, a mãe de Michael, que se casou com a prima Mary e morreu no finalzinho da terceira temporada. Foi uma boa private joke, uma piada interna que a rigor não tem nada de privada, escondida.)

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A temporada expõe o cruel tema do anti-semitismo na sociedade inglesa

Mas o tema polêmico que mais se destaca nesta temporada, acho, é o anti-semitismo. Os autores deram muita ênfase ao assunto, e fizeram um belíssimo trabalho ao condenar esse preconceito.

Para sociedades cultas, evoluídas, inteligentes, democráticas, é muito difícil admitir a existência de preconceito racial – em especial o preconceito contra judeus.

Há 200 mil filmes sobre os crimes do nazismo contra os judeus, mas são pouquíssimos os que mencionam anti-semitismo nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Dos filmes americanos, só me lembro de dois – e os dois são filmaços: A Luz é Para Todos/Gentleman’s Agreement, de Elia Kazan, de 1947, e Focus, de Neal Slavin, baseado em texto do grande Arthur Miller, de 2001.

Downton Abbey tem a coragem de encarar o tema pedregoso, difícil.

Os judeus aparecem na história através de Rose (Lily James, na foto abaixo), a jovem prima dos Crawley que fica em Downton Abbey quando seu pai, o simpático Shrimpie (Peter Egan), é designado para um trabalho na Índia.

Nas temporadas anteriores, Rose, jovem demais, dava algum trabalho por ser espevitada, alegre, festeira demais. Na quinta temporada, está mais centrada, mais madura. Oferece-se para trabalhar como voluntária na ajuda a imigrantes russos que chegavam em grande número à região de York, a cidade grande mais próxima de Downton Abbey – muitos deles nobres, ricos, que fugiam do regime comunista recém instalado.

Numa de suas muitas idas a York, Rose conhece um jovem elegante, bonitinho, Atticus Aldridge (Matt Barber, na foto abaixo). É amor à primeira vista. Ao saber que ela tem ajudado os refugiados russos, ele conta que seus antepassados também eram russos, tinham vindo de Odessa em meados do século anterior. Um dia, Rose leva Atticus para o lugar em que estão vivendo os refugiados que haviam acabado de chegar. Quando Rose conta para um deles, o príncipe Kuragin (Rade Serbedzija), que aquele rapaz é descendente de judeus que haviam saído de Odessa no ano tal, o nobre russo agora sem um tostão se mostra indignado, grita que eles não são russos de verdade e sai de perto.

É que naquele determinado ano havia tido um pogrom – um movimento maciço contra os judeus russos, culminando com o êxodo de milhares deles.

Os ancestrais do jovem Atticus haviam se dado muito bem no país para o qual emigraram. Os negócios foram ficando cada vez melhores, e o pai de Atticus, riquíssimo, havia obtido o título de lord, Lord Sinderby (James Faulkner).

Um grande achado é a peça que o destino prega no judeu preconceituoso

Ao longo de vários episódios, a temporada vai mostrando outros sinais de preconceito contra Atticus e sua família pelo fato de serem judeus. Mas mostra também que Lord Sinderby é tão preconceituoso quanto os anti-semitas: ele demonstra claramente para todos que não está nada contente com o fato de seu filho primogênito e herdeiro estar namorando – com a intenção de casar – uma não-judia, uma gói.

O namoro, no entanto, prossegue, e os dois jovens decidem que vão mesmo se casar. Promove-se então um encontro entre as duas famílias – Lord e Lady Grantham, mais Shrimpie e sua mulher, Susan (Phoebe Nicholls) de um lado, Lord e Lady Sinderby (Penny Downie) de outro.

A situação é toda constrangedora. Shrimpie e Lady Sinderby têm a mente aberta, querem a felicidade dos respectivos filhos, não são contra o casamento – apenas têm consciência de que eles enfrentarão dificuldades, tanto na convivência com a comunidade judia quanto na com os ingleses não-judeus.

Já a mãe de Rose e o pai de Atticus são abertamente contra a união. São, os dois, poços de preconceito.

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A imaginação dos autores da série criou uma situação deliciosa, fascinante, para demonstrar como o preconceito é algo idiota, estúpido, sem sentido. Não é o caso de relatar aqui, mas é uma peça que o destino prega no pomposo Lord Sinderby – e ele é salvo de uma situação horrenda, uma saia-justíssima, exatamente pela nora não-judia.

É um grande achado de Julian Fellowes. Um dos vários da temporada.

Uma professora fica amiga de Tom e faz esquentar a luta de classes

A luta de classes esquenta com Sarah Bunting (Daisy Lewis), a jovem professora do vilarejo mais próximo de Downton Abbey que, na quarta temporada, fica amiga de Tom Branson (Allen Leech), o rapaz que havia sido chofer da família Crawley e se casado com Sybil, a mais jovem das três filhas – que fica doente e morre. Ainda na quarta temporada, Tom e Sarah jantam juntos no pub do vilarejo, e, depois, ela pede para conhecer Downton Abbey. Toda a família, naquela ocasião, estava em Londres. Tom a leva, percorre os salões com ela; ela pede para subir as escadas, para ver do alto – e Barrow, o criado mau-caráter, os vê. Embora Tom não tivesse feito nada impróprio, Barrow conta para o conde que Tom esteve com uma moça na ala residencial, e isso desagrada profundamente a ele.

A amizade entre Tom e Sarah continua. Não chega a rolar namoro, muito menos sexo, mas os dois de vez em quando se vêem. Acaba que ela passa a dar aulas a Daisy (Sophie McShera), a ajudante de cozinha. E Edith, ao saber da amizade dos dois, sugere que Tom a convide para um jantar, numa ocasião em que há mais convidados na propriedade.

Sarah faz afirmações inconvenientes, agressivas, contra o conde.

Mas depois disso ainda cometem a besteira de convidar de novo a moça para nova visita – e ela mais uma vez ataca o conde, a nobreza de uma maneira geral. Fica uma situação extremamente tensa.

Tom está decidido a emigrar para os Estados Unidos. Tem um primo que se estabeleceu em Boston, e planeja ir para lá trabalhar junto com ele. O grande problema é que ele quer levar a filhinha, Sybill como a mãe – o que, evidentemente, será motivo de profundo desgosto para toda a família.

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Um panfletaço contra os preconceitos, uma ode à civilização britânica

Só a amizade de Tom com a revolucionária Sarah não vira namoro. De resto, o amor está no ar, nesta quinta temporada. Há o encontro feliz entre Rose e Atticus, e o casamento dos dois.

No novo e último episódio, abrem-se as perspectivas de um novo caso de amor tanto para Mary quanto para Edith. Não rolou ainda – mas abrem-se as perspectivas para que role na sexta e última temporada.

Cupido vai também para os lados de Isobel Crawley, a mãe de Matthew (Dan Stevens), o parente distante que acabou se casando com Mary, mas morreu num acidente de carro no finalzinho da terceira temporada. Lord Merton (Douglas Reith), um vizinho e amigo do conde, homem riquíssimo, viúvo, toma-se de amores por Isobel. Os filhos dele, no entanto, sujeitinhos absolutamente desprezíveis, manifestam-se contra um possível casamento do pai com aquela mulher “classe média” – e um deles diz “classe média” com o desprezo com que falaria ladra, ou prostituta, ou assassina.

Cupido ronda até mesmo Lady Violet, a velha condessa, a mãe de Robert, o conde. Aquele tal príncipe Kuragin, o russo, agora um pobretão, havia sido o grande amor da vida de Lady Violet, quando ela era bem jovem.

Maggie Smith brilha especialmente em todas as cenas que aparece.

No andar inferior, onde trafegam os serviçais, Cupido vai atacar também onde seria mais improvável – ou, ao contrário, exatamente onde seria mesmo de se esperar? Mas acho que dizer mais do que isso seria spoiler.

Então, em suma, considerações finais: a quinta temporada de Downton Abbey é um brilho absoluto, uma maravilha. É perfeito em todos os quesitos técnicos – a reconstituição de época, a direção de arte, os figurinos, é tudo absolutamente espetacular.

É um panfletaço contra um monte de preconceitos e idiotices.

É um elogio à civilização britânica. Nada mais justo. Eta povo civilizado.

Agora, como tudo que é bom acaba, é aguardar a hora de ver a sexta e última.

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Anotação em janeiro de 2016

Downton Abbey – A Quinta Temporada

De Julian Fellowes, criador, roteirista e produtor executivo, Inglaterra, 2014

Diretores: David Evans, Philip John, Catherine Morshead, Minkie Spiro,

Michael Engler

Com (nos andares de cima) Hugh Bonneville (Robert Crawley, conde de Grantham), Elizabeth McGovern (Cora Crawley, a condessa), Michelle Dockery (Lady Mary Crawley, a primogênita), Laura Carmichael (Lady Edith Crawley, a filha do meio), Maggie Smith (Violet Crawley, a condessa viúva), Penelope Wilton (Isobel Crawley, mãe de Michael Crawley), Allen Leech (Tom Branson), Lily James (Lady Rose MacClare), Samantha Bond (Lady Rosamund Painswick),

(nos andares de baixo) Jim Carter (Mr. Carson, o mordomo), Phyllis Logan (Mrs. Hughes, a governanta), Brendan Coyle (John Bates, o valete do conde), Joanne Froggatt Bates (Anna Smith, a camareira), Rob James-Collier (Thomas Barrow, criado), Lesley Nicol (Mrs. Patmore, a cozinheira), Sophie McShera (Daisy, a ajudante de cozinha), Kevin Doyle (Joseph Molesley), Ed Speleers (Jimmy Kent), Cara Theobold (Ivy Stuart), Raquel Cassidy (Baxter, a criada da condessa), Di Botcher (Nanny West)

e Tom Cullen (Anthony Gillingham), Julian Ovenden (Charles Blake), David Robb (Dr. Clarkson), Daisy Lewis (Sarah Bunting), Andrew Scarborough (Tim Drewe), Richard E. Grant (Simon Bricker, o especialista em arte), Jeremy Swift (Spratt, o mordomo da condessa viúva), Sue Johnston (Miss Denker, a criada da condessa viúva), Rade Serbedzija (príncipe Kuragin), Douglas Reith (Lord Merton), Matt Barber (Atticus Aldridge), Penny Downie (Lady Sinderby, a mãe de Atticus), James Faulkner (Lord Sinderby, o pai de Atticus), Peter Egan (Hugh MacClare, Shrimpie, o pai de Rose), Phoebe Nicholls (Susan MacClare, a mãe de Rose),

Argumento e roteiro Julian Fellowes

Música John Lunn

Produção Carnival Film & Television. DVD Universal.

Cor,

****

11 Comentários para “Downton Abbey – A Quinta Temporada”

  1. Eu gosto de tudo em Downton. Tudo. Especialmente dos diálogos. E, claro, ela, Maggie Smith. Se já acho difícil todo fim de temporada, imagina o último episódio de todos.

    (mas a melhor série, ever, pra mim, é Grey’s Anatomy. 12 temporadas que eu já revi 3 vezes. Mas não acho que ela é melhor pra todo mundo epra qualquer pessoa. é que ela me ensina muito)

  2. “Downton Abbey” é uma das minhas três séries favoritas, junto a “Mad Men” e “The Good Wife”, que terminou há duas semana. É uma série extremamente bem feita, concordo com todos os itens que você apontou, mas não sei se eu a consideraria a melhor, porque a quarta temporada foi irregular, tanto que nem cheguei a comentar aqui. Julian Fellowes errou feio ao colocar um estupro na trama, ainda mais de uma personagem tão querida (e a vida daquele casal nunca mais foi a mesma). Acho importante que se fale sobre violência contra a mulher, mas de alguma forma, não souberam fazê-lo, nem se aprofundaram no tema. Perderam muito mais tempo no plot dos pretendentes da chatíssima Mary (que foi fazer um teste de cama com um cara, mas vivia falando mal da irmã. Ah, santa Mary moralista!). Embora Edith tenha tido uma filha sem estar casada, sempre foi muito mais digna que ela. E nem falo aqui das suas aventuras sexuais, ela é bem corajosa nesse ponto; mas do seu jeito de ser hipócrita, esnobe e artificial. Sem falar que a tentaram colocar a personagem como uma mulher bonita, mas ela tem cara de fuinha. Edith é muito mais bonita, apenas foi enfeada para o papel; minha impressão é de que ela não tinha muito espaço nem dentro da família. Acho até que há uma leve preferência dos condes pela filha mais velha, embora eles sempre tenham feito de tudo para ajudar as três igualmente; e uma preferência explícita de Carson (“o mordomo mais realista que qualquer rei.” Que frase!).
    De todo modo, nenhum personagem aqui é totalmente ruim, e até Mary tem lá suas qualidades. Ela nunca mediu esforços para ajudar Anna, e o fato de enfiar a cara e assumir os negócios do pai é uma atitude bem à frente de seu tempo.

    Por falar em pretendentes, Matthew Goode ainda não apareceu na trama? Já faz mais de ano que assisti, e algumas coisas acabo confundindo com a última temporada. Ele é um dos pretendentes da sonsa, e vai trazer um pouco de beleza para os olhos das fãs, depois da morte de Matthew. Incrível como só aparece cara jovem e gato na vida de Mary, enquanto para Edith só aparecem homens muito mais velhos e feios.

    E já que falamos em beleza, outro fator que contribuiu, na minha opinião, para a irregularidade da quarta temporada, foi a saída de Dan Stevens no final da terceira. A saída de um ator importante quase sempre faz a trama cair, pois geralmente o autor tem um roteiro pré-programado. Ocorreu a mesma coisa em “The Good Wife”. A saída de um determinado personagem, na quinta temporada, fez a sexta perder qualidade. (Falando nisso, vocês ainda assistem a TGW? Eu adorei o final, mas muita gente detestou. Podia ressuscitá-la e rolar texto aqui no site).

    Isobel Crawley é uma personagem que nunca entendi muito bem. Ela é meio amarga, muito séria e sem humor. Nunca entendi também por que ela dispensou aquele médico de bom coração. Sempre que ele aparece, penso nisso, e meio que fico com pena dele, que parece nunca ter se recuperado do fora. Acho que ele merecia mais destaque na trama. Mas gosto muito do caráter dela, apesar de todo o resto.

    Sempre gostei de Rose, da leveza que ela trazia à família, com sua juventude e meninices. Ela veio trazer a bondade e o frescor que foram embora com a morte de Sybil.

    Torci desde o início para o casal que finalmente se formou no andar de baixo. A relação dos dois vai render boas cenas de humor na sexta temporada.

    O que rolou entre Cora e o tal Simon Bricker não passou de um flerte. Ela se sentiu lisonjeada com as investidas dele, e se não me falha a memória, o conde andava bem ausente nessa época, meio distante dela; o que não justifica, mas explica. Robert se comportou muito pior em alguma das temporadas passadas, com uma funcionária. Ainda bem que não houve nada, porque se tivessem mexido com mais um casal exemplar, a coisa poderia degringolar.

    E falando em degringolar, por que mataram a cachorra Isis, meldels? Andaram comentando que foi pela coincidência de nome com o grupo terrorista; a produção e os atores negaram. Só sei que não havia motivo para matar aquela coisa fofa peluda. Adoro a abertura da série por causa dela (tá, a abertura inteira é um capricho, como tudo na produção). Ela é tão parte da trama, que até aparece na foto oficial.

    Gostei muito quando a professora surgiu na história, e fiquei revoltada com o preconceito de Robert, sempre tão sensato. Gostava muito mais dele que de Cora, que considero tão sonsa quanto Mary, meio bleh.

    Não me lembro mais de detalhes do que aconteceu, fui relembrando de algumas coisas ao ler seu texto, mas assino embaixo de tudo o que você falou sobre a quinta temporada ter sido um panfleto contra inúmeros preconceitos. Aplausos para Julian Fellowes!

    Dentre tantos pontos positivos, destaco o fato da série ter vários atores e atrizes na faixa dos 50 anos. Isso é cada vez mais raro.

  3. “Downton Abbey” é realmente um elogio à civilização britânica. Sou suspeita, porque sou fã daquela gente. E como você citou no início alguns autores, diretores e atores (sei que foram poucos exemplos, mas senti falta de Charles Dickens), eu acrescentaria músicos. Ô lugar que fabricou músicos bons! Qual será o segredo daquele povo? Alguma coisa que colocam na água?
    Eu estive no Reino Unido ano passado, depois de muitos, muitos, muitos anos; nunca pensei que fosse demorar tanto para voltar a um lugar. Foi uma viagem emotiva, e na hora de partir me deu uma tristeza enorme. Eu já tinha me esquecido como é ser bem tratada pelos ingleses (apesar do número enorme de imigrantes em Londres; mas isso é assunto para comentar em outro texto).
    Quando vi a sexta e última temporada, três meses depois da minha chegada, me aconteceu uma coisa estranha, porque algumas cenas me trouxeram memórias da minha primeira ida à Inglaterra, ainda que uma coisa não esteja relacionada a outra. Acho que a viagem mexeu com lembranças que estavam guardadas.
    Então para mim foi duplamente emotivo assistir à última temporada de “Downton Abbey”. Já tinha se tornado um ritual ver a série em dezembro, e esperar pelo episódio especial de Natal. Este ano não vai ter mais isso. Como disse antes, não sei se a considero a melhor, mas ela é especial. Pode ser que quando eu a veja pela segunda, terceira ou quarta vez, passe a considerá-la a melhor também.

    Nota: agora que TGW também acabou, estou órfã de série; me restou apenas “Sherlock”, que só passa de 2 em 2 anos, e tem somente 3 episódios por temporada (embora cada episódio dure aproximadamente uma hora e meia, o tempo de um filme). Super te indico, Sérgio, caso você ainda não tenha visto! Seria ótimo saber suas impressões, e poder comentá-la aqui (eu acompanho os textos sobre ela em um blog português, sem comentar).
    Como super fã de Doyle e de Sherlock Holmes, desde a adolescência, confesso que eu tinha um pé atrás, por terem transferido as histórias para este século, mas a série é muito bem feita, como tudo o que os ingleses fazem. Impossível não gostar! Os puristas podem reclamar, mas o cerne dos episódios é bastante fiel às histórias de Conan Doyle. É uma super produção, com ótimos atores, e ainda temos Benedict Cumberbatch no papel de Sherlock Holmes. O Holmes mais gato de todos os tempos. Ahhhhhhh! (O que são as características de um personagem, não é mesmo? Eu não dava nada por Cumberbatch antes de “Sherlock”, em termos de beleza, mas como não se apaixonar pelo ator na pele de um personagem inteligente, com humor ácido, desapegado emocionalmente, um “sociopata altamente funcional”, como ele mesmo se intitula, que ainda tem o cabelo grandinho e cacheado?) Dou muitas risadas durante os episódios, porque o humor de Holmes e a forma como Cumberbatch o encarnou, é nada menos que sensacional. O ator que faz Watson também é excelente. E não obstante tem o sotaque, que além de britânico, é “posh”, no caso de Cumberbatch. E diga-se de passagem, Benedict é tão interessante e inteligente quanto o personagem que abraçou (tão bom saber que ele e eu somos da mesma geração). Como não amar a Inglaterra?

    [não comentei no texto da quarta temporada, mas comentei em dobro nesse aqui. shame on me].

  4. “Super isso, super aquilo, super aquilo outro”… Cadê o vocabulário da pessoa? E olha que sempre releio; só que com pressa, parece que não adianta, pois o cérebro passa por cima. Mas foi só postar, que bati o olho e percebi a repetição.
    Se eu disser que estava com dupla pressa (tanto que notei o erro na hora, mas só estou comentando agora) porque 1) estava com muita fome, e 2) queria ir logo comer porque além de estar com muita fome, queria também terminar um capítulo do livro interminável mas maravilhoso que tô lendo, estou desculpada?
    No lugar de “super fã” eu ia escrever die-hard fan, porém tive dúvida sobre a grafia, e fiquei com preguiça de pesquisar… Taí, de que adiantou? Agora talvez eu não esqueça mais.
    Aproveito para elogiar seu texto também (na hora de passar meu comentário para o site, essa parte ficou pra trás); o trecho que fala do russos e dos judeus ajuda a entender melhor o que se passa na série. Mas o texto todo está maravilhoso, como sempre. Cheers!

  5. Já vi a sexta e última temporada e tenho vindo aqui a procura da respectiva crítica mas o caro Sérgio ou não viu ou não está com vontade de escrever…

  6. Meu caríssimo José Luís!
    Ainda não tive oportunidade de ver a sexta temporada…
    Vi as anteriores em DVD, mas não encontrei ainda o DVD da sexta…
    Vou ver se consigo achar na TV a cabo. Avisarei quando conseguir!
    Muito obrigado pela mensagem. Abraço.
    Sérgio

  7. Terminei a quinta temporada de Downton ontem. E, apesar de não achar a melhor série já feita, também acho que é ótima.
    E esta temporada 5 foi tao superior as anteriores que é realmente impressionante. Quanto tema relevante em uma série de época, com tantos atores ótimos.

    Excelente mesmo.

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