As Irmãs Brontë / Les Soeurs Brontë

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Nota: ★☆☆☆

O título do filme é As Irmãs Brontë, no claríssimo feminino. Até porque são as irmãs, três das irmãs Brontë, que ficaram mundialmente famosas como escritoras na Inglaterra da era vitoriana, meados do século XIX. Elas são interpretadas por ótimas e belas atrizes, já na época grandes estrelas – Isabelle Adjani, Isabelle Huppert e Marie-France Pisier.

No entanto, o filme lançado em 1979 pelo diretor André Téchiné tem como personagem central Branwell Brontë, interpretado por Pascal Greggory, que era então, aos 25 anos, um desconhecido do grande público. A rigor, jamais alcançaria imensa fama, mesmo tendo hoje mais de 80 títulos no currículo.

Isso provocou grande estranhamento na época.

Vi o filme sem ter lido nada sobre ele. É como faço sempre: procuro não ter informações prévias, para ver o filme sem ter sido influenciado por outas opiniões. Só depois de escrever um tanto sobre cada obra é que vou atrás de informações, de outras opiniões.

E achei o filme muito, muito, muito ruim. Mary detestou, achou horroroso, e vociferou contra ele de forma enfática como raramente já havia acontecido antes.

Mas é um Téchiné, afinal, e portanto merece respeito.

Aqui vai o que escrevi logo após ter visto o filme, e em seguida o que anotei após uma pesquisa pelos alfarrábios. Mais adiante virão muitas informações fascinantes sobre ele, tiradas de um ótimo documentário totalmente dedicado a esquadrinhar a obra, chamado Os Fantasmas de Haworth, de Dominique Maillet, lançado em 2012.

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Peças de um quebra-cabeças jogadas ao léu – o espectador que as junte

O tempo fez muitíssimo bem a André Téchiné: mais maduro, passou a fazer filmes muitíssimo melhores que os primeiros, como por exemplo Rendez-vous (1985), que teve imenso sucesso na época mas hoje parece terrivelmente datado – e chato.

De maneira inversa, o tempo fez muito mal a As Irmãs Brontë/Les Soeurs Brontë, de 1979. Não tinha visto na época, mas agora me pareceu um filme muito, muito ruim. A rigor, incompreensivelmente ruim. O que é aquilo? Teria Téchiné definido que suas maravilhosas atrizes – Isabelle AdjaniIsabelle Huppert e Marie-France Pisier –, e todo o resto de elenco interpretariam seus papéis fingindo que são de um grupo teatral ginasiano, ou fingindo que estão trabalhando numa novela de televisão de quinta categoria?

Porque é assim que todos atuam: como se estivessem trabalhando numa novela de televisão de quinta categoria.

As três atrizes, belas em todos os sentidos, não falam, não conversam – fingem que estão lendo um texto decorado a duras penas. Uma coisa tão absolutamente horrorosa quanto inexplicável – a não ser se for por uma decisão consciente, clara, nítida do diretor de fazer desse jeito para significar algo que eu, pelo menos, não consegui ver o que é.

O roteiro parece completamente descosturado, descosido – uma reunião de episódios que parecem soltos, sem muita ligação de um com outro. Não se explica direito a história, não se definem direito as personalidades. Não se tenta nem de longe dar alguma explicação para o fato de aquela família ter produzido ao mesmo tempo três escritoras que passariam para a história da literatura inglesa.

É como se os autores do roteiro – o próprio Téchiné e Pascal Bonitzer – tivessem escolhido aleatoriamente alguns momentos da vida das três irmãs Brontë escritoras e do único irmão homem, e tivessem jogado no ar – alguns que caíssem dentro de um determinado espaço seriam usados no filme, não importa se fossem importantes ou não, se se ligassem ao anterior ou ao próximo, se juntos formassem uma história que fizesse sentido, que contasse para o espectador um pouco da história dessas três escritoras famosérrimas.

É como se fossem algumas peças de um quebra-cabeças jogadas no roteiro, o espectador que as junte, se conseguir – foi como Mary definiu o filme. Há muito tempo não via Mary proclamar com tanto vigor e certeza que um determinado filme é ruim, péssimo, pior que péssimo.

É meio como se Téchiné partisse do princípio de que todos os espectadores conhecem bem as histórias das vidas de Emily, Charlotte e Anne Brontë (interpretadas respectivamente por Isabelle Adjani, Marie-France Pisier e Isabelle Huppert) – e então tivesse escolhido mostrar alguns episódios que ele pessoalmente considerou mais interessantes, mais emblemáticos, por uma razão ou outra.

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O filme tinha 180 minutos; 60, ou um terço, foram cortados

Assim que terminou o filme, Mary saiu atrás das informações básicas sobre Emily, Charlotte e Anne Brontë. À medida em que ela lia as biografias, eu ia dizendo: isso está no filme, isso está no filme, isso está no filme.

É verdade: muitos dos episódios fundamentais da vida das três autoras citados nas biografias são mostrados no filme. Mas não existe costura entre um episódio e outro, entre um fato e outro. Para compreender direito os momentos das vidas das irmãs mostrados no filme, teria sido necessário que o espectador fizesse previamente a pesquisa, lesse ao menos as biografias das irmãs na Wikipedia ou em outra enciclopédia.

A única informação da página de Trívia do IMDb sobre o filme já traz luz: o filme que Techiné fez tinha originalmente 180 minutos. A versão disponível – que está, por exemplo, no DVD lançado no Brasil pela Versátil – tem 120 minutos. Ou seja: um terço do que Techiné filmou foi cortado.

Isso de fato explica muita coisa. Realmente, de um filme que teve um terço cortado fora não dá para esperar uma narrativa fluida, fluente, uma história perfeitamente compreensível, uma sequência ligada à outra.

Eis o verbete sobre Les Soeurs Brontë no Guide des Films de Jean Tulard:

“1854. Charlotte Brontë se lembra de sua vida com seu pai, um pastor, com suas irmãs Emily e Anne, e sobretudo com seu irmão Barnwell, um pintor que, depois de uma ligação com Mrs. Robinson, morreu da degradação e do alcoolismo. Ela se lembra das dificuldades, dela e de suas irmãs, para se tornarem escritoras. Emily morreu, depois Anne. Só Charlotte se casou e conheceu o sucesso. Ela parece feliz.

zzbronte3A Vida Apaixonada de Barnwell Brontë. Esse título, tirado de Daphne du Maurier, deveria ser o do filme em que Barnwell é o personagem central, bem mais que as ternas irmãs Brontë. É graças a ele que elas puderam se tornar escritoras. É ele que conheceu um amor louco. É ele que se queima de uma paixão suicida. É ele, enfim, que dá algo de romanesco a um filme que é singularmente pobre. Mas como julgar objetivamente uma obra que teve amputada uma hora de projeção?”

Sem dúvida. Está certíssimo, como quase absolutamente sempre, o Guide de Jean Tulard.

Leonard Maltin dá 2.5 estrelas em 4, informa que o filme também teve uma versão falada em inglês, “que não funciona tão bem” – mas nem cita o fato de que o filme originalmente tinha 180 minutos. “Bem montado mas levemente letárgico retrato das irmãs literárias famosas e suas vidas reprimidas. Vale a pena principalmente para se ver três das mais atraentes atrizes francesas em um único filme.”

O diretor e outros falam como se estivessem explicando por que o filme ficou ruim

Já havia escrito aí quando então fui ver Les Fantômes de Haworth, o documentário assinado por Dominique Maillet sobre o filme Les Soeurs Brontë e lançado em 2012. O documentário está no DVD do filme lançado no Brasil pela ótima Versátil. (Haworth é o nome da vila de Yorkshire em que as irmãs viveram.)

O documentário traz entrevistas – feitas já nesta década atual, especialmente para a produção – com André Téchiné, seu co-roteirista Pascal Bonitzer, o figurinista Christian Gasc, a especialista na literatura das irmãs Brontë Claire Bazin e o ator Pascal Greggory. Não há entrevista com nenhuma das três estrelas – e sequer referência tipo “a produção procurou as atrizes mas elas se recusaram a falar”.

Os depoimentos de todos os entrevistados são fascinantes, reveladores. De uma certa forma, lançam luzes sobre aquelas questões que levantei lá atrás – o estilo de interpretação e os buracos do roteiro.

Mostram que o ambiente, durante as filmagens, foi extremamente tenso. Havia uma grande rivalidade, uma disputa de egos entre as Isabelles, a Adjani e a Huppert. Téchiné diz com todas as letras que usou mão de ferro na direção dos atores.

Em boa parte do tempo, os entrevistados falam como se estivesem na defensiva, tentando explicar por que o filme não deu certo.

– “Em sua última versão, a versão definitiva (do roteiro)”, diz Téchiné, “é como uma história de vampiros, de virgens vampiras, digamos, que tomam o lugar do irmão, e que cumprem o destino de artista do irmão. Era isso. Mas tudo devia ser situado na sociedade vitoriana, no que essa sociedade tinha de conflituoso e dramático, já que as três irmãs decidem publicar seus textos e assumem pseudônimos masculinos. Era uma grande transgressão, e o filme mostra isso.”

zzbronte4Téchiné dá ênfase ao fato de que o roteiro não inventou nada. Tudo o que está no filme se baseia em registros históricos:

– “Há poucas cenas, acho que nenhuma, em que nos permitimos inventar – o que pode ter gerado lacunas. Como em muito do que eu faço, há muitas elipses que se tomam ou se abandonam, porque são rudes, abruptas, brutais, mas que se deve aceitar porque quisemos ser fiéis aos documentos na elaboração do roteiro.”

Pascal Bonitzer, o co-roteirista, detalha: – “Há elipses geográficas e de tempo. Vamos da Inglaterra para a Bélgica (onde Emily e Charlotte estudaram durante uma temporada), e vice-versa. E passamos a Branwell. Mudamos de personagem. Uma das coisas interessantes – e não sei isso deu certo – foi ir de um personagem a outro, tomar a perspectiva de Branwell, depois o de Charlotte, e, de modo mais esporádico, o de Emily e o de Anne.”

Um roteiro que não inventou nada, que só mostrou o que já estava documentado – e por isso tem lacunas.

Dá para entender. Mas, ao mesmo tempo, não tem nada a ver com realismo. Não se pretendeu, hora alguma, contar de forma realista a história das três irmãs. Com a palavra, novamente, o realizador:

– “Há uma preocupação teatral e pictorial. Há muito formalismo no filme, um formalismo muito declarado, muito manifesto. O filme é muito cenográfico, com uma espécie de fixidez, como para congelar a imagem antes que ela suma. Nada contra essa estilização, exceto que não se deve perder de vista a base, o fundamento. Quer dizer: fazíamos em francês um filme sobre as irmãs Brontë. Portanto, seria absurdo, bobo e despropositado querer realismo. Não era possível.”

Então é isso, segundo as palavras do próprio realizador: não se inventou nada, só se mostrou o que está escrito em documentos. Mas passou-se longe do realismo, e temos então um filme absolutamente formalista.

Ou, na minha opinião, assim como na da Mary, um gigantesco e azedo abacaxi.

As duas Isabelles eram muito jovens, e chegavam naquele momento ao estrelato

Agora, o elenco, as interpretações. Mas antes seria bom ao menos registrar os dados básicos sobre as irmãs Brontë.

Impressionante como viveram pouco, todas elas. Impressionante que possa ter havido três irmãs que tenham se tornado romancistas e poetas de importância. Tudo, absolutamente tudo em relação às irmãs Brontë é impressionante.

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Charlotte foi a mais velha, e a que viveu mais tempo – ridículos, ínfimos, mínimos 38 anos (1816-1855). Sob o pseudônimo de Currer Bell, escreveu Jane Eyre.

Emily, a do meio, fez a obra mais reconhecida de todas, embora na época do lançamento tenha sido muitíssimo mal recebida, Wuthering Heights, no Brasil O Morro dos Ventos Uivantes, lançada com o pseudônimo de Ellis Bell. Morreu de tuberculose aos 30 anos de idade (1818-1848).

Anne, a caçula das três, morreu também de tuberculose, aos 29 anos (1820-1849). Seu romance mais conhecido é a A Inquilina de Wildfell Hall, lançado sob o pseudônimo de Action Bell.

Mais uma vez: Charlotte coube a Marie-France Pisier. Adjani fez Emily, e Huppert fez Anne.

Marie-France, de 1944, tinha 35 anos em 1979, o ano de lançamento do filme.

Adjani, de 1955, tinha 24.

Huppert, de 1953, tinha 26.

Marie-France havia começado a carreira como a Colette por quem Antoine Doinel se apaixona, na segunda parte dos quatro filmes de François Truffaut sobre seu alter-ego, Antoine et Colette, segmento do filme internacional O Amor aos 20 Anos (1962). Em 1979, o mesmo ano deste Les Soeurs Brontë, ela não apenas trabalhou no quarto e último filme da saga Antoine Doinel como foi uma das autoras do roteiro do filme, ao lado de François Truffaut, sua colaboradora de sempre Suzanne Schiffman e mais Jean Aurel.

Oito anos mais velha que uma Isabelle e dez anos mais velha que a outra, colaboradora de Truffaut na redação do roteiro de O Amor em Fuga, Marie-France estava, poderíamos dizer, acima de uma disputa de egos de jovens loucas pelo estrelato. Além do mais, era amiga de Téchiné.

Quanto às Isabelles…

Apesar de tão jovens, já eram atrizes de renome, respeitadas, admiradas, tanto La Adjani quanto La Huppert. Estavam no momento da explosão de popularidade. Viriam a ser das maiores estrelas do cinema francês de toda a História por suas brilhantes atuações em diversos e diversos filmes ao longo das décadas seguintes.

(Aliás, é fascinante pensar que La Adjani, que aqui faz Emily Brontë, interpretaria a filha de Victor Hugo em A História de Adèle H, de Truffaut, de 1975, e ainda a fantástica escultora Camille Claudel no filme que leva o nome da artista, de 1988. Também é fascinante que, em Camille Claudel, ela tenha sido dirigida por Bruno Nuytten, que foi o diretor de fotografia deste Les Soeurs Brontë.)

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Téchiné lutou para evitar a competição das estrelas, o over-acting

Diz André Téchiné no documentário Les Fantômes de Haworth: – “Principalmente, eu não quis que fosse uma competição, uma concorrência entre atrizes. Eu não queria superdesempenhos. (Não consegui ouvir ou entender a palavra que ele usa, e que nas legendas aparece como superdesempenhos. Imagino que seja o equivalente a over-acting, a atuação exagerada.) Havia a possibilidade de isso tudo ser exagerado, e sei que barrei muito isso nas filmagens, e as obriguei a uma forma de despojamento e desprendimento na atuação. Ademais, a pós-sincronização só podia ir no sentido desse despojamento, no sentido de um minimalismo, uma sobriedade de atuação. Eu não teria gostado que houvesse um tipo de competição de estrelas, em que cada uma faz seu número. Fui muito vigilante, e mesmo hostil. Com isso, as filmagens não foram necessariamente tranquilas, porque, talvez, as atrizes tenham se sentido frustradas em suas atuações. É possível. Houve até mesmo algum sofrimento, mas não acho que isso tenha impedido toda a forma de prazer. Não vamos exagerar.”

A diretora do documentário coloca então, depois dessa declaração de Téchiné, uma tomada em que o co-roteirista Pascal Bonitzer diz apenas o seguinte: – “Eu soube que as filmagens foram tensas. Só isso. Que não foi sempre fácil. Para ninguém.”

E então, no documentário Les Fantõmes de Haworth, vemos pela primeira vez um senhor de cabelos brancos, barba branca de poucos dias – Pascal Greggory, o jovem de 25 anos que interpretou o irmão das moças Brontë.

Pascal Greggory fala com cuidado. Dá perfeitamente para a gente ver que ele fala com cuidado. Ele não quer, entrevistado quase agora, em 2010, 2011, talvez mesmo 2012, falar mal de ninguém – nem de Téchiné, nem das atrizes, todas elas imensas, gigantescas estrelas da maior grandeza.

Pascal Greggory dá todo o seu depoimento com grande cuidado. A gente percebe que ele quer falar a verdade – mas com extremo cuidado.

– “A história era tensa. Nada contribuía para dizermos que filmar seria agradável. Nada. E havia a confrontação entre Adjani e Huppert, que são duas atrizes que sempre travaram combates, batalhas. (…) No fundo, a única que jogou o jogo em todos os níveis, inclusive físicos, foi Marie-France Pisier. Que, aliás, era próxima de André, muito próxima, grande amiga de André. Enquanto as outras duas… Aliás, nenhum de nós quatro voltou a trabalhar com André. Misterioso, isso.”

“Enquanto as outras duas…” – e ele não termina a frase, o que pode significar muita coisa.

O documentário traz de volta então o próprio Téchiné: – “Eu não podia ceder nessa questão da interpretação. Por força, tive que batalhar mas esse também era meu papel. Quanto a isso, eu era intratável.”

As Isabelles brigando feito loucas para aparecer na foto melhor que a outra

Ao ver o documentário Les Fantõmes de Haworth, ao ouvir todos esses testemunhos, senti que meu faro, meu instinto, ou minha capacidade de entender o que há nos filmes, ainda está em boa forma.

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Enquanto via o filme, percebi bem rapidamente que há algo muito estranho na forma com que os atores atuam. Anotei isso de imediato, lá no início deste texto. Imaginei que Téchiné tivesse pretendido usar um tipo de tom escolhido por ele próprio – como por exemplo François Ozon escolheu um tom romance para moças não muito lidas, não muito inteligentes, no seu filme Angel (2007), ou como Régis Roinsard escolheu um tom fortemente anti-naturalista, anti-realista, para contar seu A Datilógrafa/Populaire (2012).

Pelo que mostra o documentário, Les Soeurs Brontë tem um estilo de atuação bem diferente do realismo, do naturalismo. Mas não é que os atores, ou, principalmente, as atrizes, tenham sido instruídas para trabalhar mal, como se fosse numa novela ruim – que foi algo que imaginei.

Não. As atrizes, sedentas de sucesso, loucas para competir, cada Isabelle brigando feito louca para aparecer na foto melhor que a outra, queriam tanto brilhar, ser over, ser demais, que Téchiné teve que mandar elas se quietarem, baixarem o facho.

Quietaram demais, baixaram demais. Ficaram parecendo umas ginasianas bobocas, falando frases cheias de literatices com uma total ausência de expressão, de sensação, de coisa alguma.

O documentário sobre o filme sequer cita que 60 minutos foram cortados

O co-roteirista Pascal Bonitzer diz que os produtores ficaram tremendamente decepcionados ao serem apresentados ao filme. Esperava-se um filme sobre três grandes escritoras, interpretadas por três grandes estrelas – e eis que surge um filme em que o irmão das moças é o personagem principal.

zzbronte8Extraordinariamente, fascinantemente, sensacionalmente, o documentário bem longo sobre o filme não fala em momento algum sobre o fato de Les Soeurs Brontë ter sido criminosamente cortado pelos produtores, ter perdido um terço do que havia sido filmado e montado pelo diretor.

Ninguém fala uma palavra sobre isso, sobre o fato de o filme que Téchiné terminou com 180 minutos ter sido exibido com 120 minutos.

Não consegui saber nada sobre essa decisão dos produtores.

A única referência que achei foi na Wikipedia em francês. Lá se diz que, após o lançamento, “Techiné quis retrabalhar sobre a montagem e propor a versão longa com diversas cenas cortadas que ele havia amado, e que deixariam o filme, segundo ele, mais dinâmico. Mas ele descobriu que as cenas cortadas haviam sido queimadas”.

Talvez nunca venha a se saber o que de fato aconteceu. De uma coisa, no entanto, tenho certeza: as duas horas de Téchiné sobre as irmãs Brontë já são um horror. Três horas, acho que seria difícil aguentar.

Anotação em novembro de 2015

As Irmãs Brontë/Les Soeurs Brontë

De André Téchiné, França, 1979

Com Isabeelle Adjani (Emily Brontë), Marie-France Pisier (Charlotte Brontë), Isabelle Huppert (Anne Brontë),

e Pascal Greggory (Branwell Brontë), Patrick Magee (Reverendo Brontë, o pai), Hélène Surgère (Madame Robinson), Roland Bertin (Mr. Nicholls), Alice Sapritch (Elizabeth Brontë, a tia), Xavier Depraz (Monsieur Hager), Adrian Brine (Monsieur Robinson), Julian Curry (Mr. Smith), Renee Goddard (Tabby, a goveranta), Jean Sorel (Leyland)

Roteiro e diálogos Pascal Bonitzer e André Téchiné, com a colaboração de Jean Gruault

Fotografia Bruno Nuytten

Musica Philippe Sarde

Montagem Claudine Merlin

Figurinos Christian Gasc

Produção Action Films, Gaumont, France 3. DVD Versátil.

Cor, 120 min.

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