Hope Springs – Um Lugar para Sonhar / Hope Springs

Nota: ½☆☆☆

Anotação em 2010: Esta comédia romântica me pareceu um daqueles candidatos ao titulo de pior filme da história; me pareceu idiota, cretina, com uma história babaca, situações insolitamente babacas – daquele tipo de filme que deixa o espectador com vergonha do que está vendo.

Aí, depois de ver o filme, na hora de pegar os nomes dos atores, diretor, roteirista, tive duas surpresas chocantes: o filme se baseia em um livro escrito em 2001 por Charles Webb, o primeiro livro novo dele em cerca de 20 anos; Charles Webb é o autor do romance The Graduate, que deu origem ao novo clássico A Primeira Noite de um Homem/The Graduate, de 1967. E o diretor Mark Herman é o autor de dois filmes excelentes, para os quais dei a cotação máxima de 4 estrelas, Um Toque de Esperança/Brassed Off, de 1999, e Laura – A Voz de uma Estrela/Little Voice, de 1998.  

Como é possível?

Das duas, uma: ou eu estava absolutamente doido, num daqueles lapsos momentários de razão, ou então ele, o Mark Herman, e mais o Charles Webb, estavam.

Tenho que admitir que o problema deve ser meu.

Vi na TV a cabo; aquela coisa de sempre – estava zapeando, o filme estava para começar, resolvi ver o começo. Com dez minutos de filme, estava plenamente convencido de que era uma gigantesca porcaria, mas fui ficando, e vi até o fim.

         Um forasteiro inglês numa cidadezinha americana

O filme abre com Colin Ware, o personagem interpretado pelo bom Colin Firth, num avião; depois ele continua viajando, de ônibus; vai parar na cidadezinha perdida no interiorzão dos Estados Unidos que dá o título original do filme, Hope Springs, ou Fonte da Esperança. Como a cidade é bem pequena, todo mundo repara na chegada de um forasteiro – ainda mais um forasteiro que vem da Inglaterra. Ele se hospeda no melhor hotel da cidade, mantido por um simpático casal, Joanie e Fisher, interpretado por Mary Steenburgen e Frank Collison. Chega exausto, desfusado – e a hoteleira Joanie imediatamente chama para cuidar dele a garota mais bonita da cidade, Mandy (o papel de Heather Graham, essa menina que, aos 33 anos, quando fez o filme, tinha cara de 18), uma angelical flor que trabalha no lar de velhinhos da cidade e é uma terapeuta corporal, massagista. Assim que conhece o inglês bonitão, a angelical flor quer dar para ele.

Até aí eu estava achando tudo muito bobo; na seqüência em que Mandy vai tirando a roupa diante do forasteiro estarrecido, dizendo que está feliz da vida e que a felicidade fica melhor quando ela está pelada, tive a revigorada certeza de que o filme era uma asneira gigantesca.

Só que vai ficar pior.

A dadivosa Mandy e o espectador ficam sabendo que o tal Colin Ware, um talentoso pintor, saiu da Inglaterra e foi parar naquela cidadezinha perdida no interiorzão bravo americano para tentar se curar de uma terrível dor de cotovelo: sua namorada de muitos anos, Vera (Minnie Driver), de repente tinha mandado para ele o convite de casamento dela com um outro cara. E ele descobriu que do outro lado do oceano havia uma cidade com a palavra esperança no nome, e então embarcou pra ela.

E eis que, quando Colin está feliz da vida namorando a angelical e dadivosa Mandy, o que acontece? Aparece em Hope Springs a paixão antiga, Vera.

O que já era ridículo vai ficar ainda mais ridículo.

         Um diretor de dois grandes filmes, um autor de prestígio…

Digo sem vergonha, sem medo: sou um sujeito que gosta bastante de uma comedinha romântica. Agora, imbecilidade, trama ridícula, aí não. Não dá pé.

E descubro então, na hora de anotar sobre o filme, que ele é de um diretor que fez dois filmes extraordinários, e se baseia na trama do sujeito que escreveu The Graduate.

E com Colin Firth, um grande ator, mais Heather Graham, que é gracinha, e Minnie Driver, que, além de boa atriz, é uma cantora de talento que cada vez mais gosto de ouvir.

Alguém teve um lapso momentário de razão. Pode ter sido eu, é claro. Mas acho que não fui eu – foram eles.

Fui checar outras opiniões. O AllMovie não dá opinião alguma – só conta a trama. Leonard Maltin dá 2 estrelas em 4; na sinopse rapidinha, dá uma gozeira na trama, e depois fala uma coisa acertada: “Tendo acabado de ser escanteado pela noiva (Driver), artista inglês Firth parte para os EUA e se apaixona por Graham. Mas, você não poderia imaginar, Minnie aparece. Atuações espirituosas de todo mundo, mas não há risadas suficientes para ser uma comédia romântica. Baseado na novela The Cardiff, de Charles The Graduate Webb.”

Charles The Graduate Weeb. Mark Herman, de dois grandes filmes. E fizeram esta josta. Mundo doido.

Sei que, quando aquela porcaria terminou, me deu uma vontade danada de ver um filme. Felizmente, tinha pegado na locadora Fuso Horário do Amor/Décalage Horaire. Outra comédia romântica, mas que é comédia, com lugar para muita risada, e tem romance entre seres humanos.

Hope Springs – Um Lugar para Sonhar/Hope Springs

De Mark Herman, EUA-Inglaterra, 2003

Com Colin Firth (Colin Ware), Heather Graham (Mandy), Minnie Driver (Vera Edwards), Mary Steenburgen (Joanie Fisher), Oliver Platt (Doug Reed), Frank Collison (Fisher)

Roteiro Mark Herman

Baseado no livro New Cardiff, de Charles Webb

Fotografia Ashley Rowe

Música John Altman

Produção Buena Vista, Touchstone

Cor, 92 min

Bola preta

8 Comentários para “Hope Springs – Um Lugar para Sonhar / Hope Springs”

  1. Pô: parece que você gosta do Colin Firth…
    Eu também gosto. É um ótimo ator, e é preciso reconhecer que tem bela estampa. Fez muitos filmes muito bons. Mas este filminho aqui…

  2. Eu NÃO ENCONTRO esse filme online !!!
    Queria mto assisti-lo, sou mega ultra fan do Colin Firth !
    Gostei do comentário do colega: é preciso reconhecer que tem bela estampa (Firth), rsrsrs curti !

  3. Acabei de ver esse filme e embora já tenha visto coisas mais intragáveis, não pude evitar me contorcer de vergonha alheia em alguns momentos. A trama ficou parecendo uma mistura de sessão da tarde com romance de banca, sem falar que toda vez que surgia o personagem do Colin Firth em cena eu lembrava automaticamente do Selton Mello em A Mulher Invisivel(sério, porque cargas d’agua os filmes ruims patecem piores quando tem atores bons no elenco?).

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