Sem Vestígio / Untraceable


Nota: ★★★☆

 Anotação em 2009: Um bom thriller, que é também uma denúncia sobre a fascinação da sociedade pela violência, como as pessoas gostam de ver a violência. A trama, inteligente e atualizadíssima, fala de um assassino que coloca suas vítimas diante de câmaras de vídeo e transmite as mortes pela internet. 

O que é absolutamente cruel é que o assassino constrói todo um complexo sistema que faz com que, quanto maior for o número de acessos a seu site – killwithme, ou matecomigo –, mais rápida será a morte da vítima. E os acessos sobem feito foguete, feito o ibope dos programas que mostram violência, circo de horrores e mundo-cão na TV.

Sem VestígioDiane Lane faz o papel de Jennifer Marsh, uma agente do FBI de Portland, Oregon, especialista em crimes cibernéticos. Ela é a primeira a ver que, no tal site, um gato está sendo morto. Depois será a vez de um homem. Os roteiristas evitaram aquele esquema de o espectador só descobrir quem é o assassino no final: ele passa a ser mostrado pouco antes da metade do filme. A partir daí, o espectador acompanhará suas ações, paralelamente às ações da polícia.

Implico um pouco com Diane Lane; acho que ela não é boa atriz, é careteira demais. Mas ela está passável neste filme, que, de resto, é bastante correto, feito com competência.

Pode-se reclamar que o assassino é esperto demais, inteligente demais, domina demais tecnologia, eletrônica, mecânica, informática. De fato, há um grande exagero aí. Mas é o único grande pecado do filme, na minha opinião.

O diretor Gregory Hoblit, ele próprio filho de um policial, é bom de serviço, sabe fazer thrillers. Foi um dos produtores executivos da série de TV NYPD Blue. Dirigiu o ótimo As Duas Faces de um Crime/Primal Fear, de 1996, com Richard Gere e Edward Norton, e o competente Um Crime de Mestre/Fracture, de 2007, com Anthony Hopkins.

Acho muito boa essa coisa de mostrar que as pessoas comuns – os leitores, espectadores de TV, de cinema, internautas – são todas co-responsáveis pela escalada de violência na mídia (assim como pela escalada da invasão da privacidade dos famosos). E o filme pega pesado nisso. Por essa temática, ele me fez lembrar Acusados/Accused, de Jonathan Kaplan, de 1988, que deu o Oscar a Jodie Foster, no papel da garota pobre que é estuprada por diversos homens em um bar; sua advogada, interpretada por Kelly McGillis, tentará mostrar no tribunal que todas as pessoas que estavam no bar, e aplaudiram e incentivaram os estupradores, foram cúmplices do crime. 

Faz lembrar também Morte ao Vivo/Tesis, de 1996, o espetacular filme de Alejandro Amenábar que denuncia a praga do infotainment, essa mistura de informação e entretenimento, os programas que transformam crimes e outras feridas da sociedade num fantástico show da vida.

Sem Vestígios/Untraceable

De Gregory Hoblit, EUA, 2008

Com Diane Lane, Billy Burke, Collin Hanks, Joseph Cross, Mary Beth Hurt

Roteiro Robert Fyvolent, Mark Brinker e Allison Burnett

Baseado em história de  Robert Fyvolent e Mark Brinker

Música Christopher Young

Na TV a cabo (HBO). Produção Screen Gems e Lakeshore.

Cor, 101 min

21/5/2009, com Marynha.

***

Título em Portugal: Indetectável

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