Não é Você, Sou Eu / No Sos Vos, Soy Yo


Nota: ★★★☆

Anotação em 2008: Mais um ótimo filme do novo cinema argentino, gostoso, bem feito, inteligente, engraçado. Um filme sobre a vida, o dia-a-dia de pessoas comuns, gente como a gente, e não sobre bandidos, serial-killers, marginais – que maravilha.

O personagem central, Javier (Diego Peretti), sofre mais que cego no meio do tiroteio. Quando o filme começa, ele e a namorada Maria (Soledad Villamil) estão se preparando para abandonar a Argentina e suas eternas e recorrentes crises econômicas, e se mudar para Miami. Ela viaja primeiro. Ele deixa o emprego, vende tudo o que pode, faz as malas. No táxi para o aeroporto de Ezeiza, recebe um telefonema de Maria – ela pede que ele não vá. Está confusa, não está muito certa do que quer; acaba confessando que se envolveu com outro homem.

Como na canção de Maysa, o mundo de Javier cai, desaba, acaba. O pobre coitado sofre feito um condenado, feito um personagem de Woody Allen, com a rejeição e a solidão. Emprego, não tem mais. Esperança, nenhuma. Auto-estima, zero.

Passam-se meses terríveis, atrozes. Quando, finalmente, depois de comer o pão que vários diabos amassaram, o pobre Javier está conseguindo se recompor e recompor a vida, Maria vai querer voltar.

Os atores são ótimos, o ritmo é ágil, gostoso. Uma delícia de filme.

Foi o primeiro longa-metragem do diretor e co-roteirista Juan Taratuto, um garotão nascido em 1971. É para ir atrás dos dois filmes que ele fez depois, ¿Quién dice que es fácil?, de 2007, e Un Nobio para mi Mujer, de 2008.

Não é Você, Sou Eu/No Sos Vos, Soy Yo

De Juan Taratuto, Argentina, 2004

Com Diego Peretti, Soledad Villamil, Cecília Dopazo

Roteiro Cecília Dopazo e Juan Taratuto

Música Diego Grimblat

Com canções de Jorge Drexler e Andrés Calamaro

Produção Rizoma Films

Cor, 105 min.

***

7 Comentários para “Não é Você, Sou Eu / No Sos Vos, Soy Yo”

  1. Sou fã incondicional desse filme, já vi várias vezes.
    Me identifico muito com a história, só falta a Maria do meu filminho querer voltar, pra eu falar igual a Ravir,pq a moça do pet shoop já encontrei.

  2. Mais um filme argentino que fazia tempo eu queria ver, mas não encontrava. Como recentemente vi “Un Novio para mi Mujer”, fui na carona, e felizmente encontrei uma cópia por aí, mas não foi fácil.

    Gostei bastante, achei a primeira parte divertida (o sotaque portenho deixa tudo mais engraçado ainda), a sequência dentro da combe do amigo indo para o aeroporto é a melhor (me fez dar várias risadas), mas toda a parte que mostra o sofrimento do Javier é um pouco chata, afinal, gente sofrendo de amor é chata em qualquer idioma ou país. Nem o psicanalista e o melhor amigo o suportavam mais. Felizmente, o diretor e a atuação do ator proporcionam alguns respiros durante essa fase, com situações engraçadas.

    Irônico como a relação dos dois já estava ruim, mas o cara só caiu na real depois que a mulher foi embora e lhe botou um chifre. Mas o casamento (oficializado ou não) estava fadado ao fracasso.

    O filme mostra bem algumas fases pelas quais a maioria dos que já levaram um pé na bunda passa: negação, auto-comiseração/humilhação, tentativa de sair com várias pessoas (ainda que com esperança de que o outro volte), início de uma atividade física, mudança no estilo de se vestir para parecer mais jovem (fator predominantemente masculino) etc.

    Apesar de ser uma comédia romântica as sequências no psicanalista têm algum conteúdo, como por exemplo quando ele fala: “Não se paga qualquer preço por uma companhia, por nenhuma, por melhor que seja. Uma relação sã não deve basear-se na necessidade, mas no prazer, no desfrute.” (Dizem que Buenos Aires é uma das cidades que mais tem psicólogos/psicanalistas. Nossos hermanos são super analisados. hehehe).

    As cenas no Petshop com aqueles animais presos, chorando, e o aspecto sujo do lugar me deram nervoso. O dono da loja era o típico malandro argentino (podia ser brasileiro também). O filme mostra bem como não se deve comprar animais, que são vidas, e não pelúcias, e dão trabalho. Por outro lado, achei a cena da cachorra parindo totalmente desnecessária.

    No geral, gostei muito, até porque foge um pouco da coisa das comédias românticas de ser sempre a mulher a sofredora, e mais ainda, por não ter uma mulher solteira-louca-desesperada-pra-arranjar-um-namorado-marido-ficante. Glória!

    Pontos fracos para mim: o ator não tinha 30 anos nem aqui nem na China quando fez o filme, nos close-ups dá pra ver bem. Mas depois a gente se acostuma com a cara (feia) dele, e até desconsidera. Ele está ótimo, atuação excelente.
    Achei um pouco longo demais para um filme do gênero, mas o fato de ter 3 músicas do meu muso Jorge Drexler compensou isso (deliciosa surpresa), sendo que a primeira entra aos 20 minutos, e a última encerra a história. Já o outro cantor de músicas bregas, eu não conheço, e vou continuar sem conhecer.

    Observações-sugestões:
    1) Você poderia rever esses filmes argentinos mais antigos aqui do site, em vez de ver algumas bombas que às vezes te fazem perder tempo nas madrugadas. hehehe Sinto falta quando não tem seus textos extensos.
    2) Já dá para linkar o “Un Novio para mi Mujer” aqui, e também o “Reconstrucción”, e vice-versa. Este último vi no final do ano passado, preciso comentar.

  3. Delícia de comentário, Jussara, como sempre…
    Eu sei que é ruim ter essas velhas anotações muito curtinhas feitas antes de o site existir… Eu precisaria mesmo rever esses filmes e escrever melhor sobre eles… Mas é tanto filme que gostaria de ver e/ou rever… Meu Deus…
    Bem, mas sobre este aqui não preciso mais escrever! Você já falou tudo!
    Um abraço!
    Sérgio

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