Indiscreta / Indiscreet


Nota: ★★★☆

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Mais uma das tantas, quase infinitas provas da velha tese de que ah, como era melhor o cinema nos anos 30 a 60.

É uma total delícia que eu nunca tinha visto. A dupla Cary Grant e Ingrid Bergman, se reencontrando 12 anos depois de Interlúdio/Notorious, de Hitchcock, está perfeita, linda, com uma extraordinária beleza já madura.

São belas, gostosas considerações sobre o casamento, a necessidade dele – ou não -, com situações bem avançadas para a época, 1958.

A trama em si é meio bobinha, até, mas é o que importa menos. Ingrid Bergman, absolutamente esplendorosa aos 43 anos, faz o papel de uma famosa atriz. Cary Grant, um bilionário ao mesmo tempo banqueiro e diplomata, a conhece em Londres, onde são apresentados pela irmã da atriz (Phyllis Calvert) e pelo cunhado (Cecil Parker). Como ele é solteiro, bonitão e milionário, e portanto cobiçado por todas as mulheres que encontra, ele se faz passar por um homem casado. A nossa heroína, no entanto, não vê problema algum em se envolver com um homem casado – mas, quando descobre que estava sendo enganada, que ele estava mentindo, resolve dar o troco, fingindo um romance com um outro cara.

A peça na qual o filme se baseou foi apresentada na Broadway em 1953, sem grande sucesso. O filme, que transferiu a ação de Nova York para Londres, teve muito mais sucesso do que a peça, segundo contam os alfarrábios. Seguramente foi por causa do charme e da beleza do casal principal, e da direção elegante de Stanley Donen.  

O AllMovie tem uma frase boa sobre o filme: “Uma comédia feita por adultos, sobre adultos e para adultos (pelo menos para os padrões de 1958)”. A frase me faz lembrar minha velha tese de que, até os anos 60, o cinema era feito basicamente para adultos; Quando, a partir da década de 70, passou a ser feito voltado para o público jovem, que é quem mais paga grana na bilheteria, ficou muito pior, muito menos sério, menos denso, menos interessante. Imbecilizou-se.    

 A história seria refilmada em 1988 para a TV com Robert Wagner e Lesley-Anne Down. Não resisto ao trocadalho do carilho: será que a expressão downsizing veio daí?

Indiscreta/Indiscreet

De Stanley Donen, Inglaterra-EUA, 1958

Com Cary Grant, Ingrid Bergman, Cecil Parker, Phyllis Calvert

Roteiro Norman Krasna

Baseado em sua peça Kind Sir

Fotografia Freddie Young

Música Richard Rodney Bennett, Kenneth V. Jones, canções de Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen

Produção Grandon, Warner.

Cor, 100 min

6 Comentários para “Indiscreta / Indiscreet”

  1. Concordo com vc q os filmes antigões são melhores,mais densos, interessantes, mas o pior ou melhor, nem sei mais, é q a galera jovem concorda com a gente! Já escutei moças de 23 anos falando q os filmes antigos têm mais conteúdo, q os atuais são só p passar o tempo, p espairecer e olhe lá, não com a qualidade de Indiscreta. Mas também é covardia juntar Ingrid Bergman e Cary Grant num filme só, mesmo q o roteiro seja um fiapo!
    Achei, porém, q já q atualmente estou questionando a duração do amor, o desejo de trair o parceiro mesmo q sejamos felizes com ele e a possibilidade de o amor acabar, como vc falou no 50anosdetextos, q o filme veio bem a calhar. E, realmente, uma mulher solteira, de posição social destacada como a Ingrid Bergman, se envolver intimamente com um homem q todos pensam ser casado, em 1958, era pra lá de avançado. Reparei, porém, q o q a atraiu no diplomata, ao contrário do q ele temia, não foi (ou não foi apenas)o fato de ele ser bonitão e milionário, mas tb inteligente. Chamou-me a atenção,no início do filme,quando sua irmã lhe arruma um pretendente social e financeiramente compatível e ela diz:mas de q vamos conversar, ele não sabe alinhavar três frases!
    Mas voltando ao relacionamento com um homem casado,ainda hoje as mulheres fazem isso na calada, tanto é q já existem três sites específicos p quem quer se envolver com pessoas casadas, a q me referi em um post do meu site http://www.sospesquisaerorschach.com.br! Já falei em outro comentário q mulher, decididamente, é mais esperta q homem. Pois não é q a famosa atriz, ao descobrir q o bonitão se fingia de casado, resolveu se vingar, mas foi tão drástica q ele acreditou e, como todo machista, quase a abandonou. Mas tudo acabou bem, com direito a happy end e ao casamento de q ele tanto fugia e com o qual ela sonhava.
    Guenia Bunchaft
    http://www.sospesquisaerorschach.com.br

  2. Concordo com você, cara Guenia, em gênero, número e degrau: as mulheres, decididamente, são mais espertas que os homens.
    Um abraço!
    Sérgio

  3. Assisti hoje as 14HS no TCM canal da NET.Nenhuma dúvida quanto a qualidade do cinema
    dessa época. Lembro-me que até 1973 assisti
    muitos filmes na TV ( sobretudo na globo )em
    preto e branco de clássicos dessa ocasião.
    Assisti muito a jóias com Robert Mitchun, Ray Milland, Kirk Douglas, a própria Ingrid, Jennifer Jones, entre outros e outras, enfim…
    Este aqui gostei pouco, talvez por ser comédia e, como voce disse, a trama bem fraquinha. Acho que foi a primeira comédia que vi com a Ingrid e, isso talvez tbm conte.
    Gosto muito dela em filmes fortes. Acredito que tenha sido a cor do cabelo que me fez sentir algo diferente nela.
    O que me chamou a atenção foi ter visto Cary
    Grant sapateando,(“o que com certeza deixou Fred Astaire decepcionado”, he,he…)
    Também foi a primeira vez que vi isso.
    Achei o final, não digo insosso, porque sou hipertenso mas, sem acúcar, não sou diabético. Mas, o mais importante de tudo: cinema de qualidade.

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