O Lenhador / The Woodsman


Nota: ★★★½

Anotação em 2005, com complemento em 2008: Eis aí um filme que aborda, com coragem e sensibilidade, um tema delicadíssimo: a segunda chance para um sujeito que cometeu o que é possivelmente o crime mais nojento que se possa imaginar, o abuso sexual de crianças.

A segunda chance para um criminoso já é uma questão complexa demais: a sociedade está preparada para aceitar de volta o criminoso que cumpriu sua pena? As pessoas estão preparadas? A gente aceitaria numa boa trabalhar ao lado de um ex-presidiário? Existe reabilitação? As pessoas melhoram na cadeia, saem limpas? Isso é possível?

Belos filmes já foram feitos sobre esse tema. Mas este aqui pega exatamente o crime nojento, abjeto, repugnante, da pedofilia.

Kevin Bacon faz o papel de Walter, que cumpriu pena de 12 anos e é solto, em liberdade condicional. Walter arruma em emprego numa madeireira, aluga um pequeno apartamento perto de uma escola – mas por que logo perto de uma escola, meu Deus do céu e também da terra? – e tenta recomeçar a vida. Não tem apoio da irmã, nem do cunhado, que o vêem com suspeita. O oficial encarregado de vigiar seus passos tem certeza de que ele vai reincidir a qualquer momento. Uma única pessoa confia nele – uma moça que ele fica conhecendo, Vickie (Kyra Sedgwick, uma atriz sempre competente e interessante). Mas o próprio Walter não tem certeza se os 12 anos de prisão afastaram para sempre seus demônios interiores.

 A partir desse ponto, só poderia haver duas saídas para o filme – a reincidência, o novo crime, ou não. A diretora Nicole Kassell, jovem, formada em cinema pela New York University, aqui em seu segundo filme, escolheu a saída mais ousada, mais progressista, mais believer. Maravilha.

O Lenhador/The Woodsman

De Nicole Kassell, EUA, 2004

Com Kevin Bacon, Kyra Sedgwick, Benjamin Bratt, Mos Def

Roteiro Nicole Kassell e Steven Fechter

Baseado em história de Steven Fechter

Produção Dash Films e Lee Daniels Entertainment

Cor, 87 min

3 Comentários para “O Lenhador / The Woodsman”

  1. É um filme corajoso mesmo , achei que o Kevin Bacon está muito bem (e envelhecido além da conta; que susto, rs).
    Fiquei tensa na maior parte do tempo e não entendi como a colega de trabalho pôde se envolver com ele , apesar de tudo e do aparente esforço em se modificar.
    A primeira vez em que ficaram juntos, eu pensei: – Mas ele “gosta” de crianças, não de mulher! Aff. Sei lá, respondendo a uma das suas perguntas do texto, eu não estaria preparada pra conviver com uma pessoa assim. Não acredito em reabilitação.
    É um filme que incomoda e surpreende, pelo lado bom e pelo ruim.

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *