{rating:2.5]
Anotação em 1997: Uma comedinha até melhor do que a encomenda. Não conhecia esse diretor Peter Segal, mas ele leva jeito. A comédia funciona, é engraçada, tem boas piadas, boas gags; James Garner está careteiro como sempre, e Jack Lemmon exagera nos seus cacoetes, mas eles são muito divertidos. A trama é interessante, e o filme lida bem com a política americana e faz bons comentários sobre as mazelas do poder, e também sobre o fascínio e a repugância que a figura do presidente da República exerce sobre os americanos médios.
Russell Kramer (Lemmon) foi presidente pelos republicanos; seu vice era o personagem interpretado por Dan Aykroyd. Não se reelegeu; perdeu para um rival de décadas, o democrata Matthew Douglas (Garner). Que também não se reelegeu, perdendo para o republicano que tinha sido vice de Kramer antes. Isso tudo é mostrado bem rapidamente, nos primeiros cinco minutos de filme. E estamos agora, no momento da ação, sob a presidência do personagem de Aykroyd. O qual por sua vez tem um vice absolutamente pateta, que só faz declarações ridículas – um personagem inspirado nitidamente em Dan Quayle, que foi vice do Bush (pai). Pois bem.
Temos que, quando Kramer era presidente, o dono de uma grande corporação subornou o então vice, hoje presidente. A imprensa está de novo atrás daquela história de suborno. O atual presidente, safado, muda as anotações históricas e dá um jeito de aparecer como se Kramer tivesse sido o subornado. Para evitar problemas, seus assessores assassinam o empresário corruptor. E ainda por cima sequestram os dois ex-presidentes com a intenção de assassiná-los. Eles conseguem escapar, e passam pelas maiores confusões, até, finalmente, convencer o atual presidente a renunciar.
O ex dos republicanos, Lemmon, é mostrado como um pão-duro, sovina, egocêntrico, que topa fazer qualquer coisa para se manter no noticiário. O ex dos democratas, Garner, é caricaturizado como um garanhão que só pensa em comer quem lhe passar pela frente. Mas há, dentro da crítica generalizada, uma tendência a mostrar que os democratas são um pouquinho melhores que os republicanos – como não poderia deixar de ser.
No meio de boas piadas, há uma excelente brincadeira séria. Fugindo dos assassinos do NSC, o conselho de segurança nacional, os dois ex pegam carona com uma família média média típica. De início, a família fica feliz com a oportunidade nunca sonhada de estar ao lado de dois ex-presidentes dos Estados Unidos. Mas os dois fazem comentários que deixam marido e mulher indignados com eles. A mulher vira-se pra trás, pede que eles saiam do carro e explica: “Por causa dos seus cortes no orçamento, presidente Kramer, meu marido perdeu seu emprego. E por causa da sua recessão, presidente Douglas, nós perdemos a nossa casa.”
Meus Queridos Presidentes/My Fellow Americans
De Peter Segal, EUA, 1997.
Com Jack Lemmon, James Garner, Dan Aykroyd, John Heard, Lauren Bacall
Roteiro E. Jack Kaplan e Richard Chapman
Música William Ross
Cor, 101 min.